Da Redação


É cada vez mais comum entre os jovens os DEFs ou cigarros eletrônicos (também chamados de vapes, e-cigarros ou pen drive), aqueles dispositivos mecânico-eletrônicos alimentados por bateria que exalam um aerossol contendo nicotina, entre outras substâncias.

Estudo recente, divulgado no fim de junho pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), informa que as vendas mensais de cigarros eletrônicos aumentaram 46,6%, passando de 15,5 milhões de unidades, vendidas em janeiro de 2020, para 22,7 milhões, em dezembro de 2022 naquele país. Esse incremento considera somente as vendas de varejo, excluindo o comércio online.

Aqui no Brasil, apesar da proibição mantida pela ANVISA em julho de 2022, da comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil, a compra continua ocorrendo pela internet e em pontos de venda do comércio, incluindo camelôs, além de festas e boates, e boa parte dos jovens brasileiros usa esse produto.

Muitos acreditam que cigarros eletrônicos ajudam as pessoas a deixarem de fumar cigarros comuns.  Eles pensam também que são opções “saudáveis” por exalar apenas “vapor de água”, não contendo substâncias tóxicas e perigosas.

Mas, ao contrário do que a indústria do tabaco vem apregoando, os cigarros eletrônicos não trazem nenhuma vantagem. Isso porque eles contêm nicotina, droga que leva à dependência, e aumenta o risco de trombose, AVC, hipertensão e infarto do miocárdio, entre outros.

Os vapes contêm ainda mais de 80 substâncias químicas, incluindo cancerígenos comprovados. Testes em cigarros eletrônicos confiscados de jovens no Reino Unido descobriram que continham níveis perigosos de chumbo, níquel e cromo. Alguns estavam quase 10 vezes acima dos limites seguros. A exposição ao chumbo pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro, enquanto os outros dois metais podem desencadear a coagulação do sangue.

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Os médicos passaram anos alertando para os efeitos colaterais do vaping, variando de leve irritação na garganta e na boca a doenças pulmonares e cardíacas potencialmente fatais.

Um dos argumentos comerciais para impulsionar as vendas do cigarro eletrônico é que seria um recurso para aqueles que desejam parar de fumar, mas que têm dificuldades de interromper o vício abruptamente. Porém, não é o que se tem notado na prática, pois alguns dos aditivos aromatizantes contém pirazina, uma substância que reduz os efeitos irritativos desagradáveis da tragada, dificultando ainda mais a cessação do tabagismo. Por isso, estudos recentes mostraram que o cigarro eletrônico aumenta em cerca de três vezes as chances do usuário fumar também cigarros comuns.

Devido a tantas consequências negativas que o cigarro eletrônico pode causar ao usuário, em 2019 foi dado um nome para a doença causada por esse hábito: Evali (Doença Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Cigarro eletrônico ou Vaping). Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia (SBPT), a Evali pode causar fibrose pulmonar, pneumonia e insuficiência respiratória.

A Dra. Semiya Aziz, médica britânica, observou que existem ligações entre vaping com doença pulmonar crônica, doença cardiovascular e condições como asma e pulmão de pipoca —, uma condição que danifica as vias aéreas menores dos pulmões.

Embora o corpo possa se recuperar dos efeitos do vaping, pode levar semanas, às vezes meses, disse ela. Depende da intensidade e do tempo gasto vaping.

Ela é um pouco otimista quanto à regeneração do ex-fumante. “Poucas semanas depois de desistir dos e-cigs, os pulmões podem regenerar tecidos danificados, diminuindo o risco de condições que causam dificuldades respiratórias”.

Mas, a taxa de recuperação depende muito dos níveis de exposição. Porque “se o dano aos pulmões for extenso, isso pode não ser possível e pode haver danos permanentes, resultando em efeitos crônicos a longo prazo”, acrescentou.

A saúde do coração também pode melhorar à medida que os vasos sanguíneos retornam a uma taxa e tamanho normais, trazendo o risco de um ataque de volta aos níveis pré-vape. A Dra. Aziz disse: “como consequência do vaping, a frequência cardíaca muitas vezes se torna anormal e há dilatação dos vasos sanguíneos, o que pode aumentar a probabilidade de um ataque cardíaco ou morte súbita em pessoas com ou sem doença cardíaca conhecida”.

Além de um coração mais saudável, é provável que a circulação sanguínea melhore após algumas semanas, diminuindo o risco de problemas cardíacos fatais. A boca seca e a perda do paladar — um efeito colateral do vaping — também voltará ao normal após algumas semanas, diz ela.

Mas o alerta continua. Nos EUA, de 2019 a 2020, houve registro de 2.741 pacientes hospitalizados por Evali, com 68 mortes confirmadas. O tempo médio de uso do vape nesses pacientes foi de 12 meses e a faixa etária média era de 24 anos. Portanto, é fundamental ficar atento aos sintomas respiratórios que o cigarro eletrônico pode causar e que podem indicar doenças graves, como Evali e o enfisema pulmonar, tais como:

  • Falta de ar ou sensação de não estar inalando ar suficiente;
  • Tosse;
  • Produção de muco;
  • Respiração ofegante.

O tratamento mais importante para o enfisema, para o Evali e outras condições associadas ao cigarro eletrônico é parar de fumar, independente do grau de avanço da doença.

 

 

 

 

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