Da Redação


Em 2024, o termo “brain rot” foi eleito a Palavra do Ano pela Oxford University Press, refletindo preocupações crescentes sobre os efeitos do consumo excessivo de conteúdo online de baixa qualidade na saúde mental e no desenvolvimento cognitivo. Originalmente uma expressão do século XIX, “brain rot” descreve a deterioração das capacidades mentais ou intelectuais resultante da exposição prolongada a conteúdos triviais ou pouco desafiadores, especialmente nas redes sociais.

A popularização do termo é atribuída principalmente às gerações mais jovens, como a Geração Z e a Geração Alpha, que cresceram imersas em tecnologias digitais. Plataformas como TikTok e Instagram são frequentemente associadas a esse fenômeno, devido ao formato de conteúdo curto e altamente viciante que promovem. Estudos indicam que o uso do termo “brain rot” aumentou 230% entre 2023 e 2024, evidenciando uma crescente autoconsciência sobre os impactos negativos do consumo excessivo de conteúdo digital.

Especialistas em saúde mental e neurociência alertam para as possíveis consequências desse comportamento, incluindo dificuldades de concentração, redução da capacidade de pensamento crítico e aumento dos níveis de ansiedade. Instituições como a Sociedade Alemã de Neurologia destacam que o uso excessivo de mídias sociais pode prejudicar padrões de sono, enfraquecer conexões cognitivas nativas e inibir o pensamento crítico.

Dados sobre o acesso a conteúdo online revelam um aumento significativo no tempo que as pessoas passam em plataformas digitais. Embora a tecnologia digital tenha ampliado dramaticamente o acesso a recursos de ensino e aprendizagem, facilitando a disseminação de informações, há preocupações sobre o impacto desse consumo na educação e no aprendizado.

Comparações entre gerações indicam que, embora as gerações mais jovens possuam habilidades digitais superiores, há uma preocupação de que o consumo excessivo de conteúdo superficial possa estar associado a uma diminuição na profundidade do conhecimento e na capacidade de pensamento crítico. Estudos sugerem que o uso intensivo de dispositivos digitais pode levar a uma superficialidade no aprendizado, onde a informação é consumida rapidamente, mas não é profundamente processada ou retida.

O neurocientista francês Michel Desmurget, em seu livro “A Fábrica de Cretinos Digitais”, corrobora essas preocupações ao apresentar evidências de que, pela primeira vez na história, a geração atual de crianças possui um QI inferior ao de seus pais. Desmurget atribui essa queda ao uso excessivo de telas, que compromete o desenvolvimento intelectual e cognitivo das crianças.

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Estudos de neuroimagem indicam que a exposição prolongada a telas pode alterar a estrutura cerebral, especialmente em áreas relacionadas ao controle de impulsos, atenção e tomada de decisões. Essas alterações podem levar a dificuldades de concentração, redução da capacidade de pensamento crítico e aumento dos níveis de ansiedade.

No Brasil, a situação é igualmente preocupante. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2019 revelam que 85% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet, e o tempo médio diário de uso de telas entre crianças e adolescentes é de aproximadamente 5 horas. Esse uso excessivo está associado a problemas como obesidade, distúrbios do sono e dificuldades de socialização.

Em suma, a escolha de “brain rot” como Palavra do Ano de 2024 destaca uma preocupação crescente com os efeitos do consumo excessivo de conteúdo digital de baixa qualidade. Embora a tecnologia ofereça inúmeros benefícios, é essencial promover um uso equilibrado e consciente, especialmente entre as gerações mais jovens, para garantir que o desenvolvimento educacional e cognitivo não seja comprometido.

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